SYNC & MUSIC BRANDING SE DESENVOLVEM COMO GRANDE POTENCIAL DE MERCADO
Além das maneiras mais convencionais de se gerar receita com música, há duas formas ainda pouco exploradas: a sincronização com projetos audiovisuais e a associação de música a marcas como parte de uma estratégia de marketing sensorial chamada music branding.
Os países que mais exploram a sync são os Estados Unidos, Reino Unido e a França, que estão cada vez mais desenvolvidos nesse ramo. Comparado a eles, o Brasil teve receita de apenas USD 1,1 milhão em sincronização. Isso representa 0,5% do faturamento total do mercado fonográfico brasileiro em 2016, correspondente ao valor de USD 229,8 milhões segundo informações do Pró-Música Brasil. Em relação a 2015, a receita do mercado de sincronização teve uma queda de 8,4%.
No ano passado, os EUA mobilizaram USD 7,7 bilhões sendo USD 204,3 milhões de sincronização, o que corresponde ao percentual de 2,65% do mercado fonográfico americano. Já o Reino Unido movimentou USD 1,2 bilhões sendo USD 27 milhões de sincronização correspondente a 2,25% do mercado.
Diante desse balanço, a Brasil, Música & Artes (BM&A) por meio do seu programa Brasil Music Exchange (BME), desenvolvido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) desenvolveu o Brasil Music Summit, uma ação estruturada para fomentar esses tipos de negócios de maneira categórica. O evento acontece em 4 e 5 de dezembro, na Unibes Cultural, em São Paulo.
Não há dados sobre o mercado de Music Branding no Brasil. Entretanto, o gerente de projetos do BME, Leandro Ribeiro, acredita que aproximar empresas e marcas que investem em publicidade podem aumentar o conhecimento e as oportunidades não só de Music Branding como também de Sync, com benefícios para toda a cadeia. “Por meio do BMS, nós queremos aproximar profissionais e gerar negócios futuros. Nosso desejo também é que os participantes brasileiros, sejam eles empresas ou artistas, possam sentir a importância e o modo como esses temas são tratados lá fora”, afirmou Leandro.
Essa área tem como objetivo ajudar uma marca a construir uma relação consistente com o seu público-alvo, por meio de trabalhos que abrangem a produção de trilhas, identidade sonora, consultoria e curadoria musical de eventos, lojas, ambientes físicos ou digitais, entre outras coisas.
Mercado com muitas oportunidades
O estudo realizado pela Pró-Música Brasil também aponta que a sincronização representa 2,3% das receitas de músicas gravadas atualmente no mundo, o que significa USD 370 milhões de um total de USD 15, 7 bilhões. Segundo Mario Di Poi, produtor da Inputsom Arte Sonara, a “Lei da TV Paga” (12.485/2011) impulsionou a ascensão desse mercado. ”A exigência da lei vem aumentando significativamente a demanda por conteúdo brasileiro nos canais de televisão e, consequentemente, a demanda por música nestes conteúdos. A cadeia produtiva musical está cada vez mais preparada para se unir ao audiovisual”, afirmou Mario.
Em vigor desde 2012, o texto estabelece que os canais pagos veiculem pelo menos 3h30 semanais de produções nacionais em horário nobre, sendo metade desse conteúdo obrigatoriamente criado por empresas independentes. Em 2016, os canais de TV por assinatura exibiram mais conteúdo nacional do que o mínimo exigido pela Lei, de acordo com um relatório produzido pela Ancine (Agência Nacional de Cinema), os canais de TV por assinatura exibiram mais conteúdo nacional do que o mínimo exigido pela Lei .
Além das receitas com o licenciamento de música, os negócios com sincronização influenciam diretamente as receitas com direitos autorais por execução pública. Em 2016, os valores globais representaram USD 2,15 bilhões totalizando 13,7% das receitas totais do mercado fonográfico e resultando um aumento de 7% em relação a 2015. No Brasil, o valor do faturamento em direitos autorais corresponde a USD 84 milhões. Leandro explica que, especialmente no caso de sync, bons projetos desenvolvidos aqui no Brasil também podem receitas de exportação. “Muitos projetos audiovisuais são transmitidos no exterior – como é o caso de programas de TV, filmes, animações – ou seja, mesmo que toda a produção tenha sido feita aqui no Brasil, a partir do momento em que ele é licenciado e executado fora do Brasil, todos os envolvidos ainda lucram com os direitos autorais sobre execução pública”, conclui.